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Mulheres na Arte: Sofonisba Anguissola

Por: Carolina Nazatto

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Sofonisba Anguissola é um nome que vem se tornando muito popular na História da Arte, principalmente após o Museo del Prado apresentar uma exposição com seus trabalhos (ao lado das obras de Lavinia Fontana) entre Outubro de 2019 e Fevereiro de 2020.

Nascida em Cremona, em 1535, Sofonisba teve grande destaque nas artes e desfrutou, em vida, de um sucesso internacional antes destinado somente aos homens. Nascida em uma família da pequena aristocracia cremonesa, a artista teve uma educação artística completa, estudando pintura, desenho, música, costura, línguas e literatura. A pintora se destacou, desde muito jovem, como retratista e cartunista; foi uma das artistas mulheres que mais pintou auto-retratos da época. No começo de sua carreira, seu tema preferido era a família, assunto que está ao seu alcance.

O Retrato das Irmãs da Artista Jogando Xadrez (em destaque acima) é uma amostra da grande habilidade técnica de Anguissola. Ela demonstra, neste quadro, expertise em pintar texturas (roupas), rostos (estudos de expressão de cada uma das personagens), padronagem no estilo nórdico (toalha de mesa) e paisagem ao fundo no estilo Da Vinci, comprovando que a artista estava a par de todas as tendências de pinturas da época.

Apesar de aristocrata, seu pai exercia o trabalho de supervisionar os pintores das igrejas de Cremona e é a partir disso que ela tem contato com o mestre Bernadino Campi, com quem começa a ter aulas em seu atelier. É preciso pontuar que, pela moral vigente, as aulas eram sempre acompanhadas pela esposa do pintor; mas esse ainda era considerado um comportamento atípico para a época. As mulheres eram proibidas de frequentar espaços públicos sem a presença de um homem de sua família e eram educadas em casa, impossibilitadas de escolher seguir uma carreia e sair do amadorismo.

Anguissola era extremamente talentosa e obsessiva com o tratamento dos detalhes em seus quadros; seu perfeccionismo pode ser visto nos cabelos, jóias e detalhes das vestimentas. Em suas menores obras, utilizava pincéis com 1 ou 2 pêlos, tamanho era seu comprometimento com a representação perfeita.

Em 1559, já uma artista reconhecida pelo seu talento e por suas virtudes como mulher nobre, vai para a corte espanhola e se torna dama de companhia da Rainha Isabel de Valois. O fato de ser uma pintora reconhecida ajuda nessa mudança de vida mas, por ser mulher, nunca se torna a pintora oficial da corte.
Fica em Madri por 14 anos e chega a dar aulas de pintura para a rainha. Após esse período, se casa com um nobre italiano e vai para Genova. De Genova, parte para Palermo. Nunca deixou de produzir, mas suas obras da época de Palermo não são muito documentadas; sabe-se que ela fez muitos quadros para a Igreja.

Sua habilidade artística foi reconhecida e muito elogiada na época por nomes como Michelangelo e Vassari, que escreveu sobre Anguissola em seu livro Vidas dos Artistas: "(...) mostrou maior dedicação e graça do que qualquer outra mulher do nosso tempo nas sua ambições em desenho; portanto ela não só conseguiu isso no desenho, como também na coloração e pintura da natureza, e como na cópia excelentemente de outros artistas, mas também por que ela mesma criou pinturas raras e muito bonitas."

Sofonisba Anguissola foi (e ainda é) uma influência enorme para as gerações futuras e suas conquistas na área abriram caminho para que muitas mulheres pudessem seguir carreiras sérias como artistas. Hoje suas obras estão em grandes museus pelo mundo afora e seu nome está, ainda que lentamente, sendo reconhecido como deveria ser: ao lado de grandes gênios da pintura italiana renascentista.

2020; texto criado para o perfil @microcontextos

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